Quando
acordou, Victor Sooter percebeu que o estranho sonho da final
olímpica de Matança em Massa, em que, minutos antes, estivera
envolvido, fora desencadeado pela final do jogo de basquetebol entre
os Estados Unidos e a Sérvia, nos Jogos Olímpicos do Rio de 2016, a
que assistira, com o seu filho John, de nove anos, na tarde do dia
anterior. A partida tivera vários momentos de grande disputa e pai e
filho tinham apoiado com saltos e urros a equipa pátria. Finalmente
a América vencera. Como sempre. Com uma vantagem esmagadora: 96–66.
No
sonho de Sooter, o vencedor da modalidade olímpica...
10/03/2022
10/02/2022
As tentações de São Batráquio
Em 10.2.22
por joaquim bispo
Ao
depararem-se com uma capelinha perdida junto à desolada foz do
Sorraia, poucos saberão as peripécias por que passou o santo do seu
orago.
São
Batráquio nasceu em Sarilhos Pequenos numa família de apanhadores
de amêijoas. Moço calado e solitário,
desde cedo manifestou problemas de relacionamento e comportamentos
desviantes. Era presa frequente de terrores noturnos e várias vezes
desapareceu de casa, sendo sempre encontrado escondido em locais
isolados, como casebres em ruínas ou abrigos de pescadores em
canaviais. Mostrando-se avesso à apanha de bivalves, acabou por
aceitar tarefas...
10/01/2022
Meia dúzia de safanões
Em 10.1.22
por joaquim bispo
«O
novo panorama terrorista mundial obriga-nos a gastar muitos recursos
e a equacionar outras formas de guerra.» — alertava a caixa
introdutória do artigo da revista. O assunto interessava a Patrício
Neves. Verificou as outras “gordas”: «Até aonde devemos ir no
combate ao terror? De quanta humanidade estamos dispostos a abdicar?
Devemos aceitar descer aos níveis de desumanidade dos terroristas,
desde que nos salvemos e aos nossos compatriotas?»
Enquanto
os colegas analisavam o conteúdo de uma escuta à comunicação de
um suspeito, foi lendo o corpo do artigo. De repente, cresceu a
agitação...
10/12/2021
Um gesto ou dois
Em 10.12.21
por joaquim bispo
O
homem tinha a cara enrugada, poucos dentes
e um aspeto decrépito. Teria bem mais de 70 anos e adivinhava-se-lhe
já pouco préstimo para o trabalho do campo. O patrão contratou-o
por um misto de piedade
e oportunidade. Chegou ao monte para guardar o “vazio”, isto é,
o pequeno rebanho de carneiros e de outros ovinos que não estavam
“cheios” — prenhes —, mas também ajudava em inúmeras outras
tarefas da horta e da casa. Havia sempre lenha para cortar e água
para acartar.
Era
por meados da década de 50. O contrato era de 100 escudos por mês e
“de comer”. Ficou a dormir num catre...
10/11/2021
O passeante invisível
Em 10.11.21
por joaquim bispo

Nunca ninguém o viu. Nunca ninguém
se deparou com ele ao dobrar uma esquina, fosse noite ou dia. Mas
nunca ninguém duvidou que ele se passeava invisível
por toda a cidade. Alguns afirmavam ter entrevisto sombras que eram,
indubitavelmente, projeções
da figura fantástica do
passeante invisível.
Outros garantiam ter
ouvido sons abafados, momentâneos
arrastamentos como de
passos,
que comprovavam que ele se passeava por ali.
A
cidade é feita de muitas estruturas artificiais. Físicas e
organizativas. Os homens precisam de um lugar coletivo para viver.
Estarem juntos dá conforto e segurança,...
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