
Em
todos os tempos, ostentar ouro concedia estatuto, demonstrava
sofisticação. O ouro de uma mulher do interior há 80, 70, 60 anos
valorizava-lhe a beleza, conferia-lhe estatuto social, dava-lhe
segurança, como a outra de qualquer época, mas também concedia a
quase sempre ignorada liberdade económica da própria. O ouro de uma
mulher, sobretudo aquele que ela trouxe de dote, era dela, era um bem
a que podia recorrer, em último caso, para um desígnio pessoal. Um
cordão podia ajudar um filho, às escondidas do marido; uns brincos
de que já não gostasse podiam comprar uma peça de vestuário...