
— Não
vês que estás a ir por maus caminhos, meu filho? — O anjo adotava
uma postura paternal, a face preocupada, o gesto complacente.
— Eu
nem sei se quero ir por bons caminhos! — retorqui, desafiador.
Quando
ele se materializara no meu quarto de solteiro, com ares de arcanjo
Gabriel, passava das três da manhã. Estranhei, mais do que me
assustei. Tinha estado na comissão de autogestão da fábrica a
tratar de problemas deixados pelo patrão fugido e, proposta puxa
discussão, tinha bebido umas três ou quatro cervejas. O verão de
75 ia quente em todos os sentidos, a Revolução avançava com
autogestões...