
É
a noite de 21 de dezembro — a mais longa do ano que vai terminar em
breve. No silêncio do seu quarto de solteiro, Luís fuma, embrenhado
numa meditação encorajadora. Pressente-se o ânimo cósmico da mudança de ciclo, como promessa de renovação. Observando, absorto, o fio de fumo do cigarro, Luís toma a decisão. Inabalável:
«No
próximo ano é que é. Começo logo no dia 1. Não fumo mais. Ou bem
que tenho vontade própria ou não. Estou farto de que me chamem a
atenção para não fumar aqui, nem ali, nem em lado nenhum.
Sinto-me discriminado, excluído, insultado. E os que já fumaram são
os mais...