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10/08/2024

O riso escarninho

  Na altura, a incriminação não era opção. O meu desejo mais profundo era mesmo matar Estêvão Arunhos, um antigo mestre de obras e meu vizinho do rés-do-chão. A antipatia vinha de há muito, logo desde os primeiros encontros, quando me mudara para aquele condomínio. O seu ar boçal e desdenhoso manifestava-se em comentários mordazes ao meu modo de vestir, nos olhares irónicos, nos risos alarves, quando me via acompanhado. Não havia razões de reparo, a não ser a sua mentalidade retrógrada e fascista. Durante mais de dois anos, revesti-me de compreensão e paciência, acreditando que o tempo...

10/05/2023

Um crime suburbano

  Não é um feito de que me orgulhe, mas tenho de confessar: eu apanho coisas no lixo. De vez em quando, percebo que uma peça interessante está poisada junto a algum dos grupos de caixotes que estão distribuídos um pouco por todo o bairro. Já trouxe para casa uma pequena mesa de apoio de sofá, uma prateleira para frascos de especiarias, uma moldura de madeira trabalhada e pintada de castanho, mas, geralmente só apanho livros. Apesar de poucas pessoas os comprarem, vão aparecendo livros, geralmente escolares, junto aos caixotes. Esta história começa há uns quatro meses, em uma das minhas...

10/10/2016

Um assassino online

Quando os inspetores chegaram ao local do crime, encontraram a jovem aspirante a escritora de cabeça tombada sobre o teclado do computador e, no chão, uma poça de sangue que escorria do flanco esquerdo, onde um abre-cartas se mantinha espetado. — Bela encrenca temos aqui — desabafou o inspetor Magalhães. — Ainda estava à espera que fosse um suicídio, mas com a lâmina neste ângulo não é viável. — E para homicídio também não está fácil — continuou o subinspetor Barbosa, denunciando a completa concordância com o chefe. — A porta não foi arrombada, não há sinais de luta e o namorado está no...